A corpa em movimento é um manifesto imagético com performances e instalações, aprofundando a ideia da corpa LGBTQIAPN+ como ato político de intervenção e resistência no dia a dia dos territórios de favelas e periferias. A pesquisa é um aprofundamento do meu trabalho dentro fotoperformance LGBTQIAPN+ favelada, que vem sendo costurada nos meus trabalhos desde 2019 com o “Projeto Eeer”, “Entidade Maré”, até chegar a minha exposição solo “PERFORMANCES”.
A ideia de uma corpa maresia que se movimento pelo tempo e coloca a corpa hoje em reflexão sobre os diversos atravessamentos que uma vida LGBTQIAPN+ em território de favela experiência todo os dias sobre o olhar de uma sociedade cisheteronormativa, encruada de uma visão seca, como deserto, sem o afeto úmido, molhado pelo mangue de uma Maré de 140 mil mareenses.
Mergulhar nas águas da Maré é como dar um pulo nas memórias de uma vida favelada, memórias como as da minha vó Luiza Maria, que nasceu em 1930 e chega na maré acompanhada do meu avô Cirilo Moreira em 1965, retirantes nordestinos que chegam em uma Maré ainda sobre as água, memórias como a do meu pai que nasceu em 15 de setembro de 67 dentro da palafita, onde o que separava ele ainda molhado da barriga de sua mãe das águas do mangue, eram as madeiras que cobriam o chão do barraco! Então, das mesmas águas que deram vida ao meu pai e a milhares de outros mareenses, nasce hoje “PERFORMANCES – A CORPA EM MOVIMENTO”.
TIO SEREIA
as águas de baia de encantamento
As águas da baía de Guanabara cercam o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, o conjunto de 16 favelas da Maré, e nessa baía manchada pela passagem do tempo e pela falta de políticas públicas de manutenção da vida, nasce o Tio sereia, que vem como uma explosão de resistência, tio sereia representa não só um grito de liberdade mais o afeto que tenho pela memórias de um território cercado por água, por esse motivo visito 4 colônias de pescadores que ainda resistem pelas favelas da Maré para afirmar que nessas águas ainda existe vida.
assistencia fotográfica
gabi lino
edição e tratamento
affonso dalua
direção fotografica
affonsodalua
CORPA FESTA
O MOVIMENTO DAS LAJES
Na maioria das experiências LGBTQIAPN+ a família é o primeiro espaço a negar a nossa existência, por isso essas corpas se unem, formando outros laços, outras casas, movimentos de afeto e coletividade que direcionam a minha pesquisa para as águas que molham o todo, e esse todo chamamos de “Clube das Gatinhas” um explosão de liberdade, afeto e muita chacota que faz das águas, ruas, becos e vielas de uma Maré em movimento, um lugar seguro para ser resistência, por isso acredito que uma corpa sozinha é só um copo vazio no meio do deserto, agora uma corpa em coletivo é uma Maré.